Bruno Mello Correa de Barros
brunomellocbarros@gmail.com
Muito embora a Internet faça parte da vida da maioria das pessoas na contemporaneidade, sendo utilizada para trabalho, entretenimento, lazer, comunicação e outras atividades, este instrumento ainda não possui um acesso que seja universal, de modo que atinja a maioria absoluta das pessoas, quer por motivo estrutural, quer por motivos econômicos, sociais ou por falta de investimento e infraestrutura por parte do Estado e das empresas que fornecem tal serviço. Esse cenário acaba por interferir potencialmente em outros aspectos que são indispensáveis para o exercício da cidadania e, especialmente, para formar a criticidade sobre os assuntos que são de interesse geral e, desta maneira, cristalizar a consciência dos cidadãos sobre os seus interesses diretamente, e também sobre aqueles assuntos que alicerçam os pilares da democracia. Nesse aspecto que a informação, como sustentáculo de formação da consciência crítica dos cidadãos têm papel de destaque.
Logo, a informação que é essencial para gerar conhecimento, apesar do potencial auxílio da Internet como instrumento difusor, continua monopolizada pelas mídias tradicionais, é o que aponta o relatório sobre o consumo de mídia pelos brasileiros. A Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 – PBM, formalizada e emitida pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, tem por objetivo monitorar os hábitos de consumo de mídia pelos brasileiros, e em tempos de onipresença da mídia trata-se de um insumo fundamental para a Administração Pública.
Esse relatório trouxe como dado mais relevante a presença cristalizada da Televisão como o meio mais utilizado pela população brasileira para buscar informação, notícias e dados relevantes, em um percentual de 89%, já a Internet aparece como segunda opção na busca de informação, em proporção de 49%, seguida do rádio (30%), jornais (12%) e revistas (1%). Sendo assim, apesar do incremento no acesso da Internet a partir de dispositivos móveis, este instrumento ainda perde para a televisão como uma mídia clássica mais utilizada quando o brasileiro quer buscar informação.
Por fim, o que se revela a partir de tais dados é que a difusão da informação em grande escala ainda permanece sob a égide das mídias clássicas, como a televisão, e aí, neste cenário, adentram os veículos de informação que monopolizam o setor de acordo com as suas vontades e dispersam essa informação, em total confluência com os interesses e ligações com os quais estão formalizadas, muito mais comprometidos com seus interesses privados do que com a informação plural, essencialmente valiosa para a democracia.
REFERÊNCIA
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial de Comunicação Social. Pesquisa Brasileira de Mídia 2016: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília: Secom, 2016. 120 p. Disponível em: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016-1.pdf/view>. Acesso em: 05 Julho. 2017.